terça-feira, 17 de agosto de 2010

Causas e Mecanismos da Lesão Celular

As células vivas precisam manter a homesostasia, uma organização harmoniosa para garantir a sobrevivencia das mesmas. A produção de energia é essencial para a sobrevivencia das células, assim como a necessidade de estabelecer uma barreira estrutural e funcional entre o ambiente interno e o meio hostil. A membrana plasmática realiza isso de varias formas, com sua permeabilidade seletiva, mantendo constante a composição interna de íons contra radientes químicos, abriga moléculas sinalizadoras que mediam comunicação entre o meio interno e externo, entre outras funções.
Ao mesmo tempo as células precisam se adaptar as condições adversas do ambiente como variações de, temperatura, suprimento de oxigênio, presença de substâncias toxicas, ou seja, as células enfrentão diversos tipos de estresses como resultado das alterações que ocorrem no meio interno e externo das mesmas. Os padões de resposta a esses estresses consistem as bases celulares das doenças.
Dependendo da intensidade e/ou duração do estresse (lesão) a celula pode responder de varias formas, desde a adaptação e conservação de seus recursos até a morte celular. Se a lesão for maior que a capacidade da célula se adaptar ela morre, se não ela diminui ou para de apresentar suas funções celulares diferenciadas e reverte a suas caracteristicas unicelular ancestral, que se relaciona com as funções dedicadas exclusivamente a sua propria sobrevivência.
Todas as células possuem mecanismos eficientes para lidar com alterações nas condições da ambiente. Por essa razão canais íonicos abrem ou fecham, substâncias químicas nocivas são detoxificadas, depósitos metabolicos do tipo gordura ou glicogênio podem ser mobilizadas e processos catabólicos acarretam a segregação de material particulado interno. A lesão pode ser reverssível, com restauração total da integridade estrutural e funcional caso o estresse seja retirado a tempo ou a célula resista ao mesmo. Por outro lado se o estresse não for removido a tempo a célular morre.

fonte: Bogliolo
Patologia Geral

terça-feira, 20 de julho de 2010

Síndrome de Crigler-Najjar


Após 120 dias de vida média, os eritrócitos são fagocitados pelos macrófagos do sistema retículo endotelial (baço, fígado e medula óssea) onde é destruído. O ferro existente volta ao plasma onde se liga a transferrina. A globina é degradada em seus aminoácidos com posterior reutilização. Aprotoporfirina IX é clivada em biliverdina, que por sua vez é reduzida a bilirrubina em sua forma indireta que é insolúvel em água. Em seguida a bilirrubina indireta é levada ao fígado através da corrente sanguínea de maneira ligada à albumina. O complexo bilirrubina-proteína é levado ao retículo endoplasmático, onde a enzima uridina difosfato glicuronil transferase (UDPGT) catalisa a conjugação da bilirrubina com o ácido UDP-glicurônico para produzir a bilirrubina conjugada tornando a mesma solsolúvel em água. Depois da conjugação a bilirrubina chega ao intestino a partir do canaliculos biliares e ao chegar no cólon, a bilirrubina livre é reduzida pela ação de bactérias a urobilinogênios que por sua vez são oxidados com formação de urobilinas e estercobilinas.

A síndrome de Crigler-Najjar, é uma desordem hereditária autossomica recessiva rara causada pela deficiência total (tipo I, muito raro) ou parcial (tipo II) da enzima UDP-glicuronil transferase. No tipo I os pacientes geralmente morrem no primeiro ano de vida devido ao kernicterus que é o acúmulo de bilirrubina-não conjugada no cérebro e sistema nervoso. Os poucos que sobrevivem a esta fase desenvolvem kernicterus fatal na puberdade.

domingo, 13 de junho de 2010

Etanol


O álcool é uma das substâncias psicoativas mais consumidas pela sociedade, sendo o seu consumo estimulado em algumas situações, como festas e comemorações. As bebidas alcoólicas são consumidas pelo homem desde o início da história, com aos primeiros relatos de cerca de 6.000 anos atrás, no antigo Egito e Babilônia. Na Idade Média quando foi introduzida pelos árabes a técnica de destilação na Europa, acreditava-se que o álcool era um elixir da vida, um remédio para quase todas as doenças, como pode ser percebido pelo origem galênica do termo whisky que significa "agua da vida".

Desde o início do seu consumo por todas as diferentes sociedades que o utilizavam, os efeitos do álcool na alteração do comportamento já eram conhecidos. Por essa razão o consumo de álcool sofreu restrições que tentavam controlar ou previnir o uso indevido, ainda assim o seu uso continua sendo o mais elevado entre todas as substâncias psicoativas. Estima-se que no Brasil, uma em cada dez pessoas tenha problemas devido ao uso abusivo de álcool, prevalencia alta e que poucas patologias igualam.

No Brasil, antes da chegado dos portugueses, os índios produziam o cauim (do tupi "ka'wi"), uma bebida fermentada preparada a partir da mandioca cozida ou de sucos de frutos como o caju ou milho, que eram mastigados e depois misturados e fervidos em um vasilhamne especial de cerâmica. Com a chegada dos portugueses foram trazidos os vinhos, cervejas, aguardentes e outros destilados, dealto teor alcoólico e suscetíveis a se incandescer, e que alguns colonizadores utilizavam para ameaçar os índios e conquistar suas terras, daí o termo "agua de fogo".

A instalação dos primeiros engenhos para produção de açúcar de cana e aguardente tornou os destilados nacionais, obtidos da fermentaão e destilação da borra do melaço, mais acessíveis para a população de menor poder aquisitivo. Com a popularidade alcançada em todo país e pelo preço acessível, a cachaça, bebida de alto teor alcoólico, contribuiu muito para o agravamento do consumo de álcool pela população brasileira. As bebidas fermetadas são obtidas pela produção do etanol resultande da quebra de açúcares feita por alguns microorganismos, as leveduras.

O etanol é uma substância de baixo peso molecular, hidrossolúvel, sendo rapidamente absorvida no estômago (20%) e intestino (80%). A concentração plasmática máxima é atingida entre 30 a 90 minutis após a ingestão. O álcool também pode ser absorvido pela aspiração de seu vapor. A absorção do álcool é rapida no início do uso e declina posteriormente, mesmo que a concentração no estômago ainda esteja alta. A distribuição do etanol também é rápida, com os níveis nos tecidos semelhantes aos níveis plasmáticos. Por ser hidrossolúvel, o etanol distribui-se por praticamente todos os tecidos, intra ou extracelularmente, variando de acordo com a composição hidríca dos tecidos. O etanol se difunde rapidamente atraves da barreira hematencefálica, atingindo o sistema nervoso central. É possivel estabelecer uma relação entre os níveis plasmáticos e efeitos comportamentais, que é mais visível quando a alcoolemia está em ascensão, sendo menos evidente na fase de declínio.

A principal via de biotranformação do álcool envolve a enzima álcool desidrogenase (AD), uma enzima que contém zinco e que catalisa a conversão de álcool em acetaldeído. Há um polimorfismo genético da álcool desidrogenase e da aldeído desidrogenase (AID), que é a enzima responsável por catalisar a oxidação do aldeído. A deficiência de uma variante de AID está associada ao acúmulo progressivo de acetaldeído e, conseuentemente, aos sintomas adversos após a ingestão de álcool. O álcool também pode ser biotransformado através do sistema de oxidação micrôssomico (SOM).
Em baixas concentrações de etanol, a AD parece ser o principal sistema oxidante, enquanto o SOM desempenha papel importante em concentrações mais altas, especialmente em indivíduos que fazem uso regular de álcool. Uma terceira via de biotransformação do etanol é a catalase, que participa com, no máximo, 10% da biotransformação. No interior dos peroxissomas, o etanol é oxidado com a formação de aldeído, sendo necessário o consumo de peróxido de hidrogênio que é transformado em água.
A produção de peróxido de hidrogênio pelo hepatócito é muito lenta, o que limita a atividade da catalase. O aldeído resultante das três vias de biotransformação do etanol é oxidado a acetato por uma reação catalisada pela aldeído desidrogenase (AID), que é encontrada na matriz da membrana externa, microssomas e citosol do hepatócito. O acetato resultante desta reação é convertido em Acetil-CoA, com desdobramento de ATP em AMP, este último pode ser usado para a produção de um novo ATP ou ser degrado em purinas e ácido úrico. A Acetil-CoA entra no ciclo de Krebs, sendo convertida em CO2 e água.
A maior parte do etanol não oxidado é excretado pelos rins e pulmões, sendo uma pequena fraçãoencontrada sem secreções como suor e saliva. O álcool aumenta a inibição sináptica mediada pelo GABA e pelo fluxo de cloreto, sendo esta ação também estudada como mecanismo de ação.

Maturação das Células Sanguíneas

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Insuficiência Pré-Renal

É um disturbio funcional resultante de uma redução do volume efetivo de sangue arterial. A perfusão reduzida pode ser devida à insuficiência cardiaca com débito cardíaco reduzido ou diminuição do volume vascular provocado pela depleção de sódio ou perda sanguínea.
Quando a pressão renal é menor que 60-70 mmHg, a infiltração glomerular diminui sem a formação de urina. Ocorrem graus variáveis de redução na velocidade de filtração glomerular apesar do sistema auto-regulador do rim tentar manter o suprimento de sangue ao órgão. A insuficiência pré-renal é predominantemente revertida quando o suprimento de sangue ao rim é restabelecido. No entanto, a hipoperfusão prolongada pode provocar lesão renal permanente.


Fonte: Valter T. Motta. Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Enterobius Vermicularis "Oxiúros"


O Enterobuis Vermicularis é um parasita que apresenta distribuição mundial, porém tem maior incidência em regiões de clima temperado. É muito comum em nosso meio, atingindo com maior frequencia a faixa etária de 5 a 15 anos, apesar de também ser encontrado em adultos. Interessantes estudos sobre a paleoparasitologia têm indicado através de exames de coprólitos (fezes petrificadas) que o E. Vermucularis (e outros helmintos) parasitam o homem hpa milhares de anos, alguns com datação de 1.000 anos a.C.

Transmissão
O mecanismo de transmissão que podem ocorrer são:
- Heteroinfecção: quando ovos presentes na poeira ou em alimentos atingem novo hospedeiro (também conhecida como Proinfecção). - Indireta: quando ovos presentes na poeira ou em alimentos atingem o mesmo hospedeiro que os eliminou. - auto-infecção extena ou direta: a criança (frequentemente) ou adulto (raramente) levam os ovos da região perianal para a boca. É o principal mecanismo responsável pela cronicidade dessa verminose. - auto-infecção interna: parece ser um processo raro no qual as larvas eclodiram ainda dentro do reto e depois migraram até o ceco, tranformando-se em vermes adultos. - retroinfecção: as larvas eclodem na região perianal (externamente), penetram pelo ânus e migram pelo intestino grosso chegando até o ceco, onde se transformam em vermes adultos.

Patogenia
Na maioria dos casos, o parasitismo passa despercebido pelo paciente. Este só nota que alberga o verme quando sente ligeiro prurido anal (à noite, principalmente) ou quando vê o verme (chamando popurlarmente de "lagartinha") nas fezes. Em infecções maiores, pode provocar enterite catarral por ação mecanica ou irritativa. O ceco apresenta-se inflamado e, às vezes, o apêndice também é atingido. A alteração mais intensa e mais frequente é o prurido anal. A mucosa local mostra-se congesta, recoverta de muco contendo ovo e, às vezes, fêmeas inteiras. O ato de coçar a região anal pode lesar ainda mais o local, possibilitando infecção bacteriana secundária. O prurido ainda provoca perda do sono, nervosismo e, devido à proximidade dos órgãos genitais, pode levar à masturbação e erotismo, principalmente em meninas. A presença de vermes nos órgão genitais femininos pode levar à vaginite, metrite, salpingite e ovarite. Alguns casos raros descritos na literatura mostram a formação de granuloma por por ovo de E. Vermicularis no fígado rins e na próstata.

Profilaxia
Devido ao comportamento especial desse helminto, os métodos prófilaticos recomendados, mais ou menos específicos, são os seguintes: - a roupa de dormir e de cama usada pelo hospedeiro não deve ser "sacudida" pela manha e sem enrolada e lavada em agua fervente, diariamente. - tratamento de todas as pessoas parasitadas da família ou três vezes, com intervlo de 20 dias, até que nenhuma pessoa se apresente parasitada. - corte de unhas, aplicação de pomada mercurial na região perianal ao deitar-se banho de chuveiro ao levantar-se e limpeza doméstica com aspirador de pós, são medidas complementares de utilidade.

Fonte: Neves, David Pereira. Parasitologia Humana - 10ed. - São Paulo, 2000.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Vasculopatia Renal

Entre as doenças mais comuns encontram-se os distúrbios renovasculares, particularmente, nas artérias renais. A disfunção renal, evidenciada por alterações morfológicas e funcionais, é causada principalmente pelo estreitamento ou oclusões no sistema arterial que provocam redução na perfusão para o parênquima renal. As princiapais causas da vasculopatia renal são:

Oclusão da artéria renal. São comuns os casos de traumatismo abdominal grave. A oclusão das artérias renais também ocorrem:
- Trombose que afeta as artérias principais ou segmentares.
- Embolização de coágulo/vegetação
- embolização ateromatosa em artérias renais de pequeno ou médio calibre.

Desenvolve hipertensão seundária, dependente de renina e a perda progressiva da função renal em consequencia da isquemia.

Trombose da veia renal. Afeta a veia renal principal e é encontrada comumente nas glomerulopatias nefróticas, principalmente na nefropatia mambranosa.

Nefrosclerose benigna/maligna. É uma das complicações mais comuns da hipertensão essencial e constitui uma causa importante de insuficiência renal terminal.

Algumas alterações clínicas que ocorrem na enfermidade vascular incluem a perda parcial da capacidade de concentração, proteinúria moderada e um ocasional sedimento urinário anormal. A velocidade de filtração glomerular pode permanecer normal ou levemente reduzida.